Existe um momento em “Admirável mundo novo”, de Aldous Huxley, em que se discute a ilusão que é considerar o desenvolvimento tecnológico como sinal de evolução.
Realmente, não é!
Hoje, temos tecnologia suficiente para evitar muitos dos problemas que vão, eventualmente, consumir nosso planeta.
Poderíamos estar dirigindo automóveis elétricos ou mesmo a hidrogênio. Um engenheiro do Rio Grande do Sul circula com um carro movido a óleo de cozinha. No entanto, cá estamos nós, poluindo a atmosfera com nossos escapamentos alimentados por gasolina e óleo diesel.
Vou usar São Paulo como exemplo, só porque vivo nesta cidade e sinto na pele um de seus problemas. Qualquer um, em sã consciência, sabe que o trânsito de São Paulo segue em direção a um colapso. Cerca de 100 novos carros chegam às ruas por dia. A solução é evidente: melhorar o transporte público! O metrô já está defasado. Os trens, nem se fala. Os ônibus são uma piada. Onde estão os corredores de ônibus, os trens modernos, as linhas ampliadas, as ciclovias?
A internet e tantas outras tecnologias trazem a possibilidade de fazer conferências a distância. Mesmo assim, nunca se viajou tanto a negócios.
O computador trouxe facilidades. Eu, que trabalho em estúdio, em uma agência de propaganda, sei o que isso significa. Quando comecei, os layouts eram feitos com tintas e pincéis. Um trabalho que consumia quatro horas, hoje não leva mais do que meia hora. No entanto, nunca se trabalhou tanto. A jornada de trabalho, que deveria ficar mais branda, tornou-se muito mais pesada. A tecnologia, esperava-se, viria para facilitar a vida das pessoas. Para permitir que tivessem mais contato com seus entes queridos. Apesar disso, os pais estão cada vez mais ausentes.
Tantos métodos anticoncepcionais... Ainda assim, caminhamos para uma superpopulação. Isso não é progresso. O mundo não está preparado para agüentar tantos de nós. Ele cobrará seu preço.
Avanço tecnológico sem bom senso não adianta nada.
domingo, 4 de novembro de 2007
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Um comentário:
O ser humano conquista tudo ao seu redor, nem que, para isso, seja preciso destrui-lo. Mais pelo prazer da conquista e do sentido de posse que pela necessidade. Ele torna-se senhor das coisas, mesmo que elas não possam ou não precisem ter donos, conhecedor do mundo e das técnicas para ampliar ainda mais seu domínio. Só há um campo que é quase impossível de se tornar dono: de si mesmo. Talvez ele tente subverter os outros com medo de se olhar no espelho e tentar entender o vazio em seus olhos, com medo que o grito de sua alma perdida ecoe em sua cabeça e o deixe ainda mais insano.
Como sempre, parabéns pelo texto bem escrito e pelas idéias instigantes. Na quinta passada fiz um post no meu blog e citei o seu "T (Tolerância)". Abraços.
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