Se eu assisto a novelas? Realmente, não sei dizer. Às vezes, sim, às vezes, não. Isso importa?
O que importa é que assisti ao último episódio da última novela da Globo, Paraíso Tropical. O que vi me preocupou. Mostrou tendências perigosas, a meu ver. Não, não estou falando de nenhum valor moral que a novela tenha tentado glorificar ou derrubar. Falo do próprio formato da obra. Explico:
Para aumentar a audiência, o autor (ou seriam os executivos da Globo) apelou para uma das manjadas fórmulas: criaram um assassinato e lançaram a pergunta “quem matou Taís?” Não por coincidência, o mesmo autor já tinha usado o mesmo recurso em outras novelas. A primeira vez em “Vale tudo”, com o legendário assassinato de Odete Roitman.
Naquela novela, a assassina foi uma surpresa considerável. Um marco na história da teledramaturgia brasileira. Nesta, ele apresentou 5 suspeitos. Cinco. Seria um deles. Isso foi preocupante. Afinal, para surpreender o público, o mais interessante teria sido deixar o leque de suspeitas aberto, apontando para todos os personagens da história. Mas ele fechou em apenas cinco...
Pesquisas pularam para todos os lados. Todo mundo palpitando qual dos cinco seria o assassino. Não sei o resultado das pesquisas. Sei que o autor escolheu o óbvio. O assassino é o vilão principal da novela. Para isso, ele criou uma história para lá de tacanha, esdrúxula e todos os adjetivos esquisitos que você quiser colocar.
É inegável que o final da novela foi um acúmulo de texto mal escrito e atuação mal dirigida, como há muito tempo não se via (se você não acha, melhor começar a rever seus conceitos), mas não é sobre isso que quero falar. Óbvio demais.
Quero falar sobre as tais pesquisas que pipocaram por ai, para o público palpitar quem era o assassino. Será que o público palpitou ou, sem saber, escolheu? O assassino não foi descoberto pelos que votarão. Ele provavelmente foi escolhido. Será que o final que foi ao ar não foi aquele que tinha mais chances de agradar ao público? Aquele que eles escolheram nas pesquisas?
O que importa é que assisti ao último episódio da última novela da Globo, Paraíso Tropical. O que vi me preocupou. Mostrou tendências perigosas, a meu ver. Não, não estou falando de nenhum valor moral que a novela tenha tentado glorificar ou derrubar. Falo do próprio formato da obra. Explico:
Para aumentar a audiência, o autor (ou seriam os executivos da Globo) apelou para uma das manjadas fórmulas: criaram um assassinato e lançaram a pergunta “quem matou Taís?” Não por coincidência, o mesmo autor já tinha usado o mesmo recurso em outras novelas. A primeira vez em “Vale tudo”, com o legendário assassinato de Odete Roitman.
Naquela novela, a assassina foi uma surpresa considerável. Um marco na história da teledramaturgia brasileira. Nesta, ele apresentou 5 suspeitos. Cinco. Seria um deles. Isso foi preocupante. Afinal, para surpreender o público, o mais interessante teria sido deixar o leque de suspeitas aberto, apontando para todos os personagens da história. Mas ele fechou em apenas cinco...
Pesquisas pularam para todos os lados. Todo mundo palpitando qual dos cinco seria o assassino. Não sei o resultado das pesquisas. Sei que o autor escolheu o óbvio. O assassino é o vilão principal da novela. Para isso, ele criou uma história para lá de tacanha, esdrúxula e todos os adjetivos esquisitos que você quiser colocar.
É inegável que o final da novela foi um acúmulo de texto mal escrito e atuação mal dirigida, como há muito tempo não se via (se você não acha, melhor começar a rever seus conceitos), mas não é sobre isso que quero falar. Óbvio demais.
Quero falar sobre as tais pesquisas que pipocaram por ai, para o público palpitar quem era o assassino. Será que o público palpitou ou, sem saber, escolheu? O assassino não foi descoberto pelos que votarão. Ele provavelmente foi escolhido. Será que o final que foi ao ar não foi aquele que tinha mais chances de agradar ao público? Aquele que eles escolheram nas pesquisas?
Há algum tempo a TV brasileira tem tratado o público como infantes mimados. O que a criança pede, a criança tem e, assim, sobe a audiência.
Quando questionados sobre a baixa qualidade da produção da TV, é assim que os executivos das emissoras respondem: que eles apenas dão aquilo que o público pede. Eles apenas anotam o pedido e entregam.
A interatividade está criando um público que decide o que quer ver, como quer ver, sem permitir acréscimo, criatividade, surpresa.
Espero que você seja como eu. Eu quero ser surpreendido. Quero que o autor escreva algo que eu não esperava. Que seu personagem faça coisas que eu não imaginei. É só isso que eu quero. Para que ligar a televisão, ler um livro ou ir ao cinema para ver uma história que já passou pela minha cabeça?
Quando questionados sobre a baixa qualidade da produção da TV, é assim que os executivos das emissoras respondem: que eles apenas dão aquilo que o público pede. Eles apenas anotam o pedido e entregam.
A interatividade está criando um público que decide o que quer ver, como quer ver, sem permitir acréscimo, criatividade, surpresa.
Espero que você seja como eu. Eu quero ser surpreendido. Quero que o autor escreva algo que eu não esperava. Que seu personagem faça coisas que eu não imaginei. É só isso que eu quero. Para que ligar a televisão, ler um livro ou ir ao cinema para ver uma história que já passou pela minha cabeça?